Laguna morrerá aos cinquenta e sete anos. Há alguma coisa a ser
feita quando a vida deixa de ser interessante. Calcular vinte anos para o fim
faria com que o que restasse da vida tivesse mais valor. Amar de uma maneira
melhor. Ou não se importar tanto com quem vai embora. Vinte anos é quase como
não se houvesse futuro. Isso existe para o garoto que se vê como o pai de
amanhã. E esse não é um tempo contado. Quanto se sabe a ocasião da morte, haverá
maior felicidade se coisas boas puderem se repetir.
Por mais verme que se possa sentir, ainda pode haver orgulho suficiente para se desejar o conforto básico de um animal. Agora, Laguna sente que é ingrato. Sim, ainda se apega a uma felicidade de décadas atrás. Isso é lucro para quem não quer voltar atrás. Ele vê como lucro o que vem do passado.
Especular
um prazo para uma felicidade definitiva é como dar uma última chance a ela, colocá-la
na parede. Laguna é exigente. Não aceita que uma época perfeita até em suas
dores tenha tido um fim.
Mas, e se contar o tempo for como
contar o dinheiro necessário na hora de programar uma viagem tão esperada? É
isso, Deus! No fundo, Laguna nunca desistiu da vida. Não que isso seja algo que
ele goste de ensinar. Já há muitas pessoas inteligentes no mundo. Na verdade, essa resistência é como o esforço
do garoto em pedir água e comida em um país estrangeiro. Instinto. O que falta
é que as coisas não sejam como a corrente de água, tão previsível. Laguna quer
que sua vida seja algo que possa causar comoção seja qual for a parte dela sobre
a qual ele reflita.
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