quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Funeral

I
"Onde está o meu corpo?! Quem me devolve?! Eu queria tanto ficar com ele. Ainda essa vez! Nesse mundo, em outro mundo; ao menos dentro de mim.
O que há em mim? Qual a forma? Beleza não há em mim. Ainda essa vez, murmuro nesse deserto. O sonho enlouquece?
II
Não sinto os demônios e males que esperava. E nem o pesar pelo sol que já amei. Não há beleza, emoções e lembranças. Tudo de que me lembro se tornou pó. Deus não mais existe. O sonho enlouquece...
III
A campa é de pedra. Alguém está deitado e olha para o céu. Nada se move. Um homem caminha em volta e não se importa. Não acredita mais no vazio do coração. Ele foi preenchido com as rochas de todas as multidões e coisas inúteis desse mundo. Ele sai e um portão se fecha"

VINGANÇA

Você gostaria de ser uma boa pessoa? Não é justo sentir paz quando quem você ama não atinge seus objetivos. Você terá sorte se não pisarem na sua desgraça. 

UM QUARTO




Por maior que ele seja, o amor é basicamente solitário? Ou não se quer reconhecer isso? Enquanto se está com quem se ama, pode não haver tempo para perceber certas verdades. Mas o que se pode pensar quando se está só? Até onde será ilusão o darmos ao outro o que temos de mais caro? Levar isso tão a sério pode ser uma maneira de não perder esse amor.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Performance de "Maria Madalena" - Ensaios



Ensaiei durante dois dias para fazer o teste no Estação Madame hoje. Pretendo mostrar uma performance da figura de Maria Madalena. Usarei figurino. Um vestido negro medieval e uma colcha também negra. Esta servirá como cenário.
Meu objetivo é ser aprovado para mostrar meu trabalho na próxima edição do evento, que é na virada de quinta para sexta-feira. Pelo menos, entendi que já poderia me apresentar nessa ocasião.
Não sei se consigo passar, mas verificarei a possibilidade de continuar me aprimorando e fazendo teste até conseguir. Preciso fazer cada vez mais teatro para render no curso puxado que faço no ETA (Estúdio de Treinamento Artístico). Até estudante universitário faz essa escola por causa do seu rigor.  Eles também esperam que o aluno busque o máximo de experiências possível fora das aulas.
Fico curioso se for o caso de eu levar Maria Madalena regularmente para a cena.  Até que ponto eu poderia melhorar? Sentirei mais orgulho da personagem? Eu só fiz uma apresentação, que foi na segunda edição do Sarau no Jardim de Perséfone, em março desse ano.
 Nos últimos ensaios, introduzi coisas novas e me tornei consciente de outras que poderia melhorar. No segundo caso, aumentar a força da voz, variar a expressão facial e aproveitar melhor o espaço da cena para a movimentação não se tornar repetitiva e isso contribuir para um eventual desinteresse do público.
Quanto às novidades, elas têm muito a ver com o que treinei no ETA. Por exemplo, não dar as costas para o público. Outra, deixar o rosto sempre visível para ele. Na minha interpretação dessas orientações, o objetivo é trabalhar captar ao máximo a atenção do público. O método de que deriva esses exercícios é o do realismo de Stanislavski, que visa a produzir na audiência a ilusão de o que está sendo mostrado na cena ser muito parecido com a realidade. Certamente, não é um teatro experimental. Calhou de eu me predispor a essa visão de atuação por conta de, há alguns meses, ter interrompido o contato com literatura experimental e estar me dedicando a projetos com romances do século XIX, mais clássicos.
A mais importante inovação é, indubitavelmente, o improviso. O texto era o mais importante no passado. Agora, ele funciona como base, mas não exige uma declamação literal. Com o improviso, posso inserir mudanças no texto em plena apresentação. Lógico, desde que não saiam da lógica da personagem e da ideia central.  Para o ETA, improviso é tudo. E vamos lá.

sábado, 4 de outubro de 2014

ETA - Ensaio em 05/10/2014

ETA


Amanhã começo a ensaiar com o grupo com que apresentarei um espetáculo no final do semestre no ETA (Estúdio de Treinamento Artístico). As três primeiras aulas me pareceram eliminatórias. Minha confiança no meu talento artista chegou ao limite. Improviso é a base da formação do ator nessa escola. Para mim, improviso era a pior coisa possível para um artista. Quer dizer, se ele conseguir fazer dar certo, está no lucro, levando-se em conta a delicadeza da situação. Mas não seria ocupado muito tempo de sua preparação com o improviso. Por incrível que pareça, tive que aprender a usar o bom senso e a relativizar algumas coisas que o ETA, teoricamente, exigia no material de aula que eu tinha recebido, além das informações preciosíssimas do site. Agora é hora de equilibrar o Laguna sistemático e o Laguna do FDS.
É só no grupo que o improviso, pensei, pode fazer sentido para mim. Será mais fácil guardar cara, nome, voz, corpo, movimentação, o jeito, em geral, da turma. Sem contar que há merdas, alegrias e rotinas que podem acontecer por conta das relações pessoais, obviamente. E isso por alguns meses.
Conseguimos fechar um local para ensaiar e temos, ao menos, duas  ideias para escolhermos uma para nossa primeira cena. Nos reuniremos às onze horas e já iremos direto para o ETA, às 13h30. Uma colega propôs a iminência do encontro entre um, digamos, nerd solitário e uma garota maravilhosa. Pecado meu, mas não consegui entender a ideia da outra colega. Sei que o tema também era falha de comunicação em redes sociais. Mas era bem mais complexa a proposta. Se se mantiver as coisas como estão, escolherei com certeza a inciativa da primeira moça. Daria para fazer, dessa forma, um trabalho mais concentrado, nesse contexto de tantos aspectos a serem tratados.
  É um ponto eu não ter muita noção de feriado ou algo equivalente. Votarei e logo irei ensaiar. Durante toda minha vida na universidade, minha folga era no final de semana. Não “entendo” quando o feriado é na semana. Tanto que até hoje, só em último caso eu abro mão do final de semana.
Nossa cena deverá ter cinco minutos e a mostraremos na aula. Fico curioso a respeito de duas horas ser tempo de sobra para quase dez pessoas discutirem ideia, personagem, conflitos, improvisar, etc. Quer dizer, é muito intenso, mexe com o coração, fazer esse monte de coisas e com um monte de gente? Nunca tive a experiência. Imagina um trabalho desses sendo impiedosamente julgado por professor e alunos. E digo impiedosamente porque também faço o mesmo.  É comum se ouvir nas aulas “está uma bosta” da parte do professor. Eu lembro de um outro professor que tive. Se não comprometer a autoconfiança, dá para ter bom humor.