Chamo-a ainda uma vez,
embora eu não queira, não possa admitir que ela esteja morta. De súbito, ferido
da cabeça aos pés, pela visão da minha fraqueza absoluta, aceito a verdade e
começo a viver no mundo sem Cecília. Puta que pariu! Nada. Rodeia a terra um
hálito hediondo de peidos, de cus arrombados e sujos. Um círculo de papas, nus,
as mitras inclinadas sobre um poço, os buracos voltados para o sol, vomitam no
abismo. A vida: merda e breu. Futuro e sonho, certeza e segurança, fodam-se.
Uma nuvem de pássaros escuros, vinda do mar, e multiplicando-se nos ares,
cobre, por um momento, o sol; e uma noite breve, ilusória, escurece a praia e o
mar. Freiras centenárias, de hábitos arregaçados, enfiam lixo e bosta na
bucetas sangrentas. Um velho, com o rabo na areia, se esporra na mão. Mordo os
ovos do engano e os cuspo, mastigados. Porra! Santas velhas, de chifres nos
peitos, os brancos pentelhos negrejando de chatos, trepam com jumentos de
membros possantes e com bodes, urrando orações negras. As pastoras, enrugadas,
sujas, batem pandeiros feitos com o coro do meu saco, as bocas arrolhadas com
caralhos. Destino puto e amargo. Levanto-me, olho em redor, vejo-me só. Então,
fico de quatro, ponho a testa no chão, enfio os dedos nas beiradas do cu e
brado, cago, brado, clamo para o mundo, puto, soluçando, puto da vida, falo
pelo rabo, blasfemo pelo rabo, entre os dentes do buraco, que a terra come;
cago no chão pela boca, todo eu me transformo em esgoto, cagando palavras.
Falar é nada e ninguém mais me ouve, eu não me ouço; ninguém, mais
ninguém.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
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