Ele
foi o mais enérgico dos homens... Grande criador de repugnâncias, preparado
para o pior e só sedento do excessivo, cruel a um ponto incrível, acolhedor de
todos os horrores que se podem imaginar nos humanos, ansioso por bizarrias e
por contos que se contariam para um porteiro do inferno; e, de outra parte, com
as mãos puras... Emanavam dele os reflexos de uma erudição dedicada ao
estranho... Pressentia imundícies, malefícios, ignomínias em todas as coisas
deste mundo; e talvez tivesse razão... Quando ele se meteu com a mística, uniu
às delícias, ao seu minucioso e complacente conhecimento das obscenidades visíveis
e indecências ponderáveis, uma curiosidade atenta, inventiva e inquieta pela obscenidade
sobrenatural e pelas imundícies suprassensíveis... Suas estranhas narinas, palpitando,
sentiam o que há de nauseabundo no mundo. O repugnante cheiro das tabernas, o
acre incenso falsificado, os odores insípidos ou fétidos dos bordéis e dos
asilos noturnos, tudo o que mexia com seus sentidos excitava seu gênio… Pode-se
dizer que o repugnante e o horrível em todos os gêneros induziam-no a observá-los,
e que as abominações de toda espécie tinham por efeito engendrar um artista especialmente
feito para pintá-las, dentro de um homem criado especialmente para sofrê-las...
(Descrição de Paul Valéry)
(Descrição de Paul Valéry)
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