Neste
momento penso em sua morte. É claro que estou triste. Mas você mostrou um lado
seu que tive a sorte de perceber e entender. Você realmente era uma pessoa boa.
Eu gostava de saber que havia alguém comigo que não se importava em dividir a
própria alma para ajudar os outros. E gostava, também, da sensação de não ter
uma admiração ilusória por você. Nem o amor me impediu de ver que você
transformava as pessoas a quem eu desprezava. Eu deixei de ter vergonha do meu
orgulho, pois você não se importava comigo quando ajudava o mendigo que
passava. Fazia isso sem o menor sinal de presunção. Era como se pedir licença
para alguém dar passagem.
Até
um cachorro entende que sofro. Se disser que o mundo ficou pior porque você foi
embora também não vai importar. É algo além do meu egoísmo; não terei a exata
medida do que fez, pois não fui a pessoa necessitada.
Como amizades e relacionamentos de
conveniência, há chance de eu esquecer muito do que estou dizendo. Mesmo
sabendo que te amava, talvez eu acabe me tornando uma pessoa melhor se lembrar
que você não era escrava da sua solidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário