quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Joana

Fonte Times New Roman, tamanho 16, espaço duplo e três folhas. É a parte material do texto em que vou basear meu monólogo. Seu nome é "Joana". Um dos problemas que verifiquei depois de algumas declamações é que as frases são muito longas. Aí, caio novamente na tentação de poesia lírica, que, no momento, dificultaria minha formação como participante de companhia de teatro. Pela primeira vez, fiz uma pesquisa de contexto bem maior do que em toda minha vida. Creio que faltaram algumas coisas, mas, por ora, é o que dá para fazer.
Por conta das entonações que quero dar, alguns movimentos e, o que chamo de música interior, Joana é uma personagem poética, dependente da poesia, do que autônoma enquanto constituição histórica. Quer dizer, ela só passa a ganhar vida para mim enquanto as palavras que escrevi me estimulam. É a partir do "barato" das palavras que me animo e construo a personagem dentro de mim. O que é que isso vai virar? Eu não sei se tomarei espaço de gente que tenha mais o que mostrar do que eu. Porém, vou me jogar no palco. Diante de algumas coisas em que estou pensando, e da atitude que venho assumindo em relação ao teatro ser meu destino, me permito a arrogância. Quem vai se ferrar, na pior das hipóteses, serei eu mesmo. Se é que dá para falar em se ferrar; se é que isso não é relativo.

É estranho, mas essa atitude que julgo mais independente é algo com que nunca tinha atinado antes. Tenho um projeto de vida depois de que o último foi elaborado há mais de dez anos. Porém, naquela época, eu considerava o reconhecimento externo. Não que isso não seja importante agora, mas é que fiz muito tentativa-e-erro e estou escolhendo ser feliz com muito mais consciência do que antes e, no limite, sabendo que ninguém irá me ajudar. Nessa situação, parece que a “luta pela sobrevivência” faz com que eu explore mais determinadas maneiras de tomar decisões e de me planejar para levar o projeto avante.

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