Fonte
Times New Roman, tamanho 16, espaço duplo e três folhas. É a parte material do
texto em que vou basear meu monólogo. Seu nome é "Joana". Um dos
problemas que verifiquei depois de algumas declamações é que as frases são
muito longas. Aí, caio novamente na tentação de poesia lírica, que, no momento,
dificultaria minha formação como participante de companhia de teatro. Pela
primeira vez, fiz uma pesquisa de contexto bem maior do que em toda minha vida.
Creio que faltaram algumas coisas, mas, por ora, é o que dá para fazer.
Por
conta das entonações que quero dar, alguns movimentos e, o que chamo de música
interior, Joana é uma personagem poética, dependente da poesia, do que autônoma
enquanto constituição histórica. Quer dizer, ela só passa a ganhar vida para
mim enquanto as palavras que escrevi me estimulam. É a partir do
"barato" das palavras que me animo e construo a personagem dentro de mim.
O que é que isso vai virar? Eu não sei se tomarei espaço de gente que tenha
mais o que mostrar do que eu. Porém, vou me jogar no palco. Diante de algumas
coisas em que estou pensando, e da atitude que venho assumindo em relação ao
teatro ser meu destino, me permito a arrogância. Quem vai se ferrar, na pior
das hipóteses, serei eu mesmo. Se é que dá para falar em se ferrar; se é que isso
não é relativo.
É
estranho, mas essa atitude que julgo mais independente é algo com que nunca
tinha atinado antes. Tenho um projeto de vida depois de que o último foi
elaborado há mais de dez anos. Porém, naquela época, eu considerava o
reconhecimento externo. Não que isso não seja importante agora, mas é que fiz
muito tentativa-e-erro e estou escolhendo ser feliz com muito mais consciência
do que antes e, no limite, sabendo que ninguém irá me ajudar. Nessa situação,
parece que a “luta pela sobrevivência” faz com que eu explore mais determinadas
maneiras de tomar decisões e de me planejar para levar o projeto avante.
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